Em um conjunto de posts relacionados, estamos apresentando a metodologia utilizada em um amplo e modular Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores de Primeira Linha, desenvolvido e inicialmente implementado em parceria da Germinal com o SENAC de São Paulo.
O programa foi desenhado a partir de um estudo em profundidade sobre as necessidades estratégicas de desenvolvimento profissional do supervisor de primeira linha, desenvolvido para a ABTD.
Foi implementado em empresas como: Villares, Belgo-Mineira, Cosmoquímica, Macsol, Caio, Metalúrgica Nova Americana, … Com alterações também foi implementado na COPENE, hoje Brasken.
É um Programa exemplar da perspectiva da Germinal de aproximar os universos da arte e do trabalho, como forma de facilitar a aprendizagem significativa e a construção criativa do conhecimento. O Programa é composto por sete módulos, com duração de 30 horas cada um. Para o desenho metodológico, cada módulo do Programa tem uma arte como referência, como mostra o quadro a seguir.
Programa de Desenvolvimento de Supervisores |
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Módulo |
Arte de Referência |
1. Supervisão e Trabalho Participativo |
Teatro |
2. Desenvolvimento do Papel de Supervisão e Chefia |
Dramaturgia |
3. Supervisão e Relações de Trabalho |
Artes Plásticas |
4. Administração de Conflitos e Negociação |
Jogo Dramático |
5. Desenvolvimento de Recursos Humanos |
Literatura |
6. Supervisão e criatividade de grupo |
Música |
7. Elaboração de Planos de Autodesenvolvimento |
Poesia |
Todas as formas de arte, citadas na coluna “Arte de Referência” são utilizadas simultaneamente em todos os módulos no Programa. Em cada módulo, no entanto, uma específica forma artística é usada como modelo ou como eixo do desenvolvimento metodológico. Além do conteúdo apresentado na primeira coluna, é isso que distingue um módulo do outro: a forma artística que articula a utilização das demais artes. A utilização intensiva da arte para efeitos didáticos é uma das inovações do Programa.
No Módulo IV, Supervisão e Criatividade de Grupo, a música é a arte que exerce um papel articulador.
METODOLOGIA
O método define uma específica forma de relação entre docentes e alunos. O método define (e ao definir separa) um conjunto de possibilidades de encontro. O método, visto tal como andança projetada ou tal trilha que, por fim, se viu seguir, em educação sempre se refere a um andar em parceria. O método pedagógico assenta-se no encontro. Neste, como nos demais módulos do “Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores” o encontro educando-educador é mediado pela arte.
A utilização da arte, como base metodológica, indica que além da busca conjunta do útil, do instrumental (consecução dos objetivos específicos, domínio do conteúdo), a relação pedagógica proposta almeja o agradável, o belo, o amoroso, o insondável…
O USO INSTRUMENTAL DA ARTE
Assim como nos demais, neste módulo a arte tem duas funções instrumentais. A primeira delas é a introdução do conteúdo. Um conjunto diversificado de formas artísticas – poesia, teatro, escultura, pintura, etc. – é utilizado para realçar focos de atenção, potenciais âmbitos de conhecimentos e vivências.
A segunda função da arte é a exploração e, ainda, a articulação do conteúdo. Uma forma artística determinada, a música no caso do presente módulo, é empregada como meio de ampliação objetiva e subjetiva, em largura e profundidade, dos focos de conteúdo inicialmente fixados, resultando em campos multidimensionais.
Após esse trabalho, o docente efetua uma síntese onde, a partir do conhecimento acumulado sobre o tema e da vivência concreta, procura captar um sentido unificador.
Essa forma artística, no caso deste módulo a música, tem ainda uma função articuladora, axial. Constitui o cerne metodológico que intenta a integração dos referidos campos em uma configuração pessoal e grupalmente significativa.
ARTE E CRIAÇÃO
A arte, enquanto base metodológica, aparte seu uso instrumental, estabelece uma relação pedagógica baseada no intercâmbio. A troca efetiva de conhecimentos e vivências mediada pela arte, visa a reavaliação (reflexão) de concepções e procedimentos, de um lado e, de outro e especialmente, a criação de alternativas de coordenação de grupos de trabalho.
A arte facilita o processo criativo na medida em que:
a) integra as funções conscientes, ou seja: o pensamento, o sentimento, a percepção e a intuição;
b) opera com símbolos, ou seja: “traduz um fato complexo e ainda não claramente apreendido pela consciência”(Jung);
c) facilita a função transcendente e nesse sentido um acesso dirigido ao inconsciente, fonte da criatividade humana.
A ESTRATÉGIA DO MÓDULO
Um conjunto diversificado de formas artísticas será utilizado na apresentação e ampliação do conteúdo. Uma forma específica, a música, será o eixo articulador das demais formas. Buscou-se na tradição cultural brasileira uma manifestação em que a música articula um conjunto de formas artísticas: a escola de samba.
O módulo foi então desenhado tentando uma analogia com a organização e funcionamento de uma Escola de Samba. O samba-enredo articula um conjunto de manifestações artísticas que, na avenida, desenvolvem um tema.
No caso, a partir de um tema, Supervisão e Criatividade de Grupo, e de um resumo de enredo (conteúdo do curso) os participantes deverão planejar um desfile, envolvendo:
a) composição do samba-enredo, que sintetiza a compreensão geral e intuitiva do tema e articula as demais manifestações.
b) Definição e desenvolvimento dos destaques, das fantasias, das alegorias e da evolução (pantomima), que ampliam a compreensão inicial a partir da análise histórica e conjuntural do tema e de seus componentes (roteiro do enredo).
Resumo do Enredo
1. Tecnologia e organização do trabalho
2. Necessidades humanas e trabalho
3. Necessidades humanas e tendências do trabalho
4. Âmbitos e fundamentos do processo criativo
5. O Supervisor como facilitador de criatividade de seu grupo de trabalho
6. Estratégias de Desenvolvimento da criatividade
7. Desenvolvendo uma estratégia de criatividade adequada à organização de origem