26 de dezembro de 2009

Sobre o Trilha Jovem – para uma publicação futura

moinho de vento A entrevista a seguir foi concedida, por escrito, pela Germinal Consultoria, à Tacilla Siqueira, consultora do IH, que buscava coletar informações para uma publicação que acabou sendo chamada de "Sentimentos Trilheiros". Segundo a capa do livro, publicado pelo Instituto de Hospitalidade, em 2009, ele conta “a história do Projeto Trilha Jovem – Turismo e Inclusão Social pelo olhar dos seus principais atores”.

A Germinal é um dos principais autores do Projeto Trilha Jovem. Mantém documentos que provam essa afirmação. Porém, a Germinal não sentiu que seu olhar e sua voz tenham sido devidamente considerados na publicação. Por isso, publicamos, na íntegra, a entrevista que foi muito pouco considerada pela autora do livro.

Conte um pouco da sua história de parceria com o projeto. (De quem foi o convite. Qual a solicitação inicial. O que motivou o IH a fazer o convite).

A primeira versão do Projeto Trilha Jovem derivou de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria (consultor – José Antonio Küller) para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

O convite para o desenvolvimento do trabalho partiu de Rafael Sanches Neto, com quem José Antonio Küller já tinha trabalhado no SENAC/RJ. No SENAC do Rio de Janeiro, José Antonio Küller já tinha participado da criação de um programa destinado à educação básica para o trabalho: o Portal do Futuro. Por sua vez, Portal do Futuro era uma evolução de um programa com o qual Küller tinha trabalhado em São Paulo: o PET (Programa de Educação Para o Trabalho). É importante observar que esses dois programas ainda estão em execução. O PET, desde 1997, já atendeu mais de 100.000 jovens em São Paulo. O Portal do Futuro é ofertado pelo SENAC/Rio desde o ano de 2.000.

Os dois antecessores destinavam-se à população jovem de baixa renda. Os dois objetivavam a preparação básica para o trabalho no setor de comércio e serviços. Em Salvador, no IH, a idéia era realizar um programa similar, porém voltado especificamente para o Setor de Turismo.

O IH, com o apoio do SEBRAE e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), havia concluído a elaboração de um conjunto de cerca de 50 normas ocupacionais, baseadas em competências, dentro de um Projeto de Certificação para o Setor de Turismo. A idéia inicial envolvia aproveitar essas normas ocupacionais no desenvolvimento do programa, o Portal da Hospitalidade, nome pensado originalmente.

A proposta curricular desenvolvida pela Germinal (Ver Anexos) partia da identificação das competências comuns a todas as ocupações abrangidas pelas normas do Programa de Certificação. As competências que se repetiam na maioria das ocupações foram a base para a definição do currículo.

A partir dessas competências, a Germinal desenhou um currículo totalmente baseado em competências. As competências mais complexas constituem as unidades curriculares (as “disciplinas” do currículo). As competências secundárias ou elementos de competências foram transformadas nos objetivos das unidades curriculares.

Projetos articulavam os três eixos (clusters) curriculares destinados ao desenvolvimento das três competências fundamentais, que seriam desenvolvidas pelo Projeto: Promover a excelência em serviços; Exercer a cidadania no trabalho; Construir um plano de vida e trabalho.

Implementado, a partir de 2004, inicialmente em Salvador, o PTRS, como o programa veio a ser chamado, sofreu um conjunto de alterações. Algumas foram influenciadas pelo primeiro financiador do Programa (Internacional Youth Fundation – Entra 21), que privilegiava ações na área de informática. Houve, assim, uma ênfase no desenvolvimento de competências relacionadas como uso da tecnologia da informação no turismo. Outras foram derivadas de supostas necessidades do mercado de trabalho local. Outras surgiram das dificuldades de trabalhar com uma perspectiva educacional tão distinta da convencional.

Em 2006, com o apoio adicional do BID e do Ministério do Turismo o Programa começou a ganhar uma dimensão nacional.

A Germinal novamente participou deste processo. Prestou consultoria ao IH no sentido de aproximar o currículo do Projeto (tal como foi implementado) de sua formulação original. O currículo atual é uma mescla da versão original do Projeto e do formato de suas primeiras implementações. Assim, para comparar, na versão atual são mantidos praticamente inalterados os eixos curriculares, as competências fundamentais e os projetos articuladores da versão original. Hoje, por exemplo, as macro-competências desenvolvidas especialmente pelos projetos que articulam os eixos curriculares são: Promover a excelência em serviços, Promover o desenvolvimento sustentável do turismo e Construir um plano de vida e carreira.

Além da consultoria no desenho do currículo,  a Germinal criou as Referências para a Ação Docente para todas as unidades curriculares do Projeto. Esse trabalho foi realizado a partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações.

As referências são sugestões de desenvolvimento das atividades didáticas do Programa, passo a passo, aula a aula. O trabalho de consultoria resultou na redação de 26 diferentes manuais para os docentes e um volume de mais de 800 páginas de orientação didática.

Qual foi a inspiração que levou ao desenho do projeto?

Os programas já citados: PET e Portal do Futuro e as Orientações de Aprendizagem do Programa de Certificação, que transformam as competências das normas em currículos de programas de qualificação profissional.

 

A metodologia foi proposta por você? O que levou a propor essa metodologia especificamente?

Os fundamentos metodológicos foram propostos por José Antonio Küller, já na versão inicial do projeto. Essa metodologia já vinha em processo de desenvolvimento nos programas anteriores (Portal e PET). Refletiu também um período intensa reflexão e fértil desenvolvimento metodológico que ocorreu no Regional do SENAC do Rio de Janeiro, entre 2000 e 2003. Por fim, a metodologia incorporou uma série de técnicas didáticas que foram experimentadas nas primeiras implementações do projeto (2004), ainda com o nome de PTRS (Programa Turismo e Responsabilidade Social).

Como você descreveria a metodologia do Trilha Jovem? Quais os seus diferenciais?

O diferencial do Trilha Jovem vai além da metodologia. A questão pode ser respondida por um texto de José Antonio Küller, inserido na proposta que originou a expansão nacional do Projeto (ver Anexo):

“O PTRS (hoje Trilha Jovem) é um projeto especificamente destinado a jovens oriundos de famílias de baixa renda. É concebido como uma ponte entre complexas capacidades vitais desenvolvidas para a sobrevivência em ambientes afetados pela pobreza e as competências requeridas pela moderna organização do trabalho.

 

Vai além da educação profissional específica, porque esta não seria suficiente para dar respostas ao conjunto de necessidades de sua clientela e do desenvolvimento turístico sustentado. Pressupõe que a transição necessária e as exigências atuais da sociedade e das organizações requerem um cidadão atuante e pessoa autônoma em relação à escolha de seus caminhos e gestão de sua própria existência.

 

Disso decorre a necessidade de desenvolver competências para elaborar e perseguir um projeto de vida pessoal e profissional, competências para a aprendizagem e o trabalho independentes, competências para a participação efetiva em projetos coletivos e competências para o empreendedorismo.

 

A vertente diretamente profissionalizante do projeto está centrada no desenvolvimento de competências básicas para o trabalho no setor de turismo. Elas foram selecionadas a partir da identificação das competências comumente requeridas por todas as ocupações do setor de turismo. A base para sua identificação foi os perfis profissionais de 52 ocupações do setor de turismo, nacionalmente validados e incluídos nas Normas para Ocupações e Competências do Sistema Nacional de Certificação da Qualidade Profissional do Setor de Turismo.

 

O foco em competências básicas para o trabalho no setor de turismo diferencia o PTRS de outras iniciativas de educação profissional e de projetos alternativos que têm sido propostos na área. O foco nas competências básicas permite uma linha de fuga da formação profissional típica, centrada na formação para o exercício de uma ocupação. Amplia os horizontes da capacitação. Prepara os jovens para uma ampla gama de possibilidades de inserção, sem restringi-los, de imediato, a uma formação técnica específica.

 

Além de seu foco, é distintiva a proposta metodológica do PTRS. A proposta metodológica decorre de sua concepção educativa e do fato de centrar-se a educação profissional na constituição de competências. O conhecimento efetivo que se transforma em competência, sempre resulta do engajamento do educando em uma ação concreta, especialmente as que são criativas e transformadoras. Aprende-se de forma significativa através do engajamento em processos de mudança. Aprende-se, de fato, formulando, executando e avaliando projetos de ação criativa e transformadora.

 

O problema, o desafio e o projeto são assim fundamentais no desenvolvimento de competências e componentes essenciais da metodologia do PTRS.

 

A adoção dessa perspectiva metodológica e a intenção de focá-la no desenvolvimento sustentado do turismo mais que supera o distanciamento entre teoria e prática, comum nos demais projetos educativos. Coloca todos os educandos como agentes da construção do conhecimento sobre turismo e agentes efetivos de desenvolvimento integrado e sustentado. Coloca-os, já no processo de aprendizagem, em um estilo de ação que é desejado em seu desempenho profissional futuro.

 

Se a transformação da realidade é a essência metodológica do projeto, a educação profissional não pode ser concebida como um processo de adaptação de pessoas às organizações, à tecnologia e aos modos de fazer que hoje estão postos. É necessário que ela esteja inserida no movimento de mudança social e organizacional, dele participe e nele influa. O PTRS foi concebido como uma iniciativa educacional inserida e atuante no movimento social dos destinos turísticos em direção ao desenvolvimento

sustentado.

 

Da mesma forma, o projeto pretende inserir-se no movimento de mudança organizacional do setor. O processo de capacitação empresarial previsto pelo PRODETUR – NE II está baseado em uma perspectiva estratégica de mudança organizacional em cinco estágios: Fortalecimento do Associativismo Empresarial, Melhoria da Qualidade Profissional, Excelência em Serviços, Estruturação como Organização de Aprendizagem, Ampliação da Responsabilidade Social das Organizações. Nessa perspectiva, os movimentos de mudança social e organizacional são complementares. O PTRS pretende ser atuante nos dois movimentos.”

 

 

Em relação à metodologia: a versão original previa (ver anexo):

 

O projeto como estratégica metodológica

Todo o programa de constituição de competências no Portal de Hospitalidade está organizado em torno do desenvolvimento de projetos. Todos os conhecimentos, habilidades e atitudes necessários serão desenvolvidos a partir da necessidade, do problema, do desafio, contextualizados numa proposta de ação real e concreta na forma de um projeto individual ou coletivo.

 

Assim, o exercício das competências será possível através da atividade autônoma, individual e grupal, em situação real, na área de Hospitalidade, Turismo ou Entretenimento. O enfrentamento das dificuldades, das adversidades, dos conflitos, das necessidades de replanejamento ou reavaliação da situação e de criação de novas estratégias e soluções específicas, enfim de todo o imprevisto da vida real, será uma vivência possível e necessária ao participante para o desenvolvimento das habilidades de participar, raciocinar na situação problema, discernir, tomar iniciativa, ser flexível.

 

Os resultados almejados pelo Portal referem-se à formação do caráter da pessoa, do futuro profissional e do cidadão, no sentido de que o aluno egresso participe socialmente com maiores chances de melhorar sua qualidade de vida, de sua família, de sua comunidade, e de contribuir para o desenvolvimento de sua região e de seu país. A estratégia metodológica de desenvolvimento de projetos é mais do que compatível e adequada a essa perspectiva educacional; ela contribui para a efetividade de resultados permitindo ao aluno uma experiência assistida de participação na transformação de sua realidade.

 

A importância dessa estratégia metodológica nos programas dos Portais, para a consecução de seus objetivos educacionais, não está apenas no alcance dos resultados do próprio projeto relacionados ao problema, desafio ou situação a partir da qual foi desenvolvido, mas, sobretudo, no próprio sentido que o projeto impregna  à ação, despertando motivação e envolvimento num trabalho concreto e proporcionando, efetivamente, a experiência de realização, individual ou grupal, provavelmente inédita à maioria dos participantes. Este potencial metodológico da realização de projetos deverá ser, particularmente, explorado em todos os Clusters (no projeto atual, o cluster é denominado de eixo).

 

O projeto proporciona, ainda, a mobilização das experiências e conhecimentos individuais na resolução de problemas, valendo-se do acervo cultural presente no grupo e possibilitando ao participante a experiência de influir, de contribuir, de colaborar, de construir em conjunto, enfim de fazer parte. E esse sentimento de fazer parte é um elemento fundamental para o sucesso de qualquer um dos projetos propostos pois os resultados devem ser avaliados não apenas, como já dito, pela realização concreta do empreendimento, mas principalmente pelo significado da experiência em termos de aprendizagem individual dos responsáveis por essa realização. Em resumo, o nível de envolvimento de cada um dos participantes é requisito para o sucesso do projeto.

Do ponto de vista da aquisição de competências, o projeto permite, juntamente com as oficinas que lhe dão suporte, o próprio exercício da competência como forma de constituí-la, ou seja a busca, mobilização e aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes na solução de problemas reais que surgem na realização do trabalho.

 

O projeto dá início ao processo de desenvolvimento do Cluster

O processo de desenvolvimento de cada um dos Clusters terá início com a tomada de um conjunto de decisões, orientada pelo coordenador, a respeito do projeto a ser realizado sob a responsabilidade de todos os presentes, e em torno do qual serão desenvolvidas as oficinas.

 

Esta é uma etapa especialmente importante e deve ser muito bem cuidada porque é o momento em que os participantes firmam um compromisso com o coordenador de levar o projeto à sua conclusão. É também quando manifestam suas escolhas, suas dúvidas e discordâncias a respeito do que está sendo proposto. O coordenador deverá esclarecer, orientar, promover o consenso e mostrar-se aberto para fazer as modificações consideradas pertinentes.

 

Espera-se, então, a participação individual efetiva de todos os presentes até o grupo como um todo efetivamente assumir o empreendimento. Espera-se que o grupo assuma o compromisso porque cada um está de alguma forma afetivamente identificado com o projeto. O grau de envolvimento afetivo obtido nesse primeiro momento fará diferença no transcorrer de todo o percurso que está por vir.

 

 A sessão de definição do projeto (ou sessões) será a primeira mostra do tratamento metodológico dado ao desenvolvimento do Portal. Será um exemplo do papel do participante enquanto agente da sua própria aprendizagem. Ela terá o formato de uma reunião deliberativa e não poderá ter tempo rigidamente estipulado porque os grupos reagem de maneira e em ritmo diferentes. Este primeiro trabalho conjunto deve constituir-se em um momento estimulante, de envolvimento pessoal daqueles que estão empreendendo, definindo, decidindo e assumindo uma responsabilidade coletiva.

 

O desenvolvimento do projeto

 O processo de desenvolvimento do projeto deverá incluir reuniões do grupo para consolidar planos de ação, construir instrumentos, fazer a definição de papéis, avaliar ações realizadas, considerar novas necessidades ou problemas e também, naturalmente, a realização concreta das ações previstas que poderão envolver levantamentos de dados, diagnósticos, reuniões com grupos de trabalho ou comunidade, implementação de mudanças.

 

Uma vez deflagrado, o projeto deverá ser concluído com sucesso. Do ponto de vista educacional, é importante que a experiência seja positiva e coroada de êxito porque, entre outras coisas, ela será uma mostra ao próprio participante de seu poder de realização.

 

Cabe, portanto, ao coordenador, orientar as definições de desenvolvimento do projeto sempre em direção do possível e do factível, mas sem eliminar o desafio ou transformá-lo em exercício burocrático. O projeto deverá ter, sempre, boas chances de sucesso na obtenção de resultados relevantes e, se possível, surpreendentes.

 

O desenvolvimento das oficinas

 

Serão desenvolvidas por instrutores especialistas e acompanhadas pelo coordenador do projeto e do Portal. Como não têm uma seqüência obrigatória, as oficinas poderão ser realizadas da forma que melhor sirva ao processo de desenvolvimento do projeto. A coordenação do Portal poderá decidir sobre a oportunidade e conveniência de cada uma delas.

 

Toda a vivência de aprendizagem desenvolvida nas oficinas deverá apresentar as seguintes características:

 

· estratégias vivenciais, reproduzindo, através da simulação e do jogo,  as situações reais com as quais o Portal se propõe a trabalhar;

 

· sessões organizadas a partir da ação dos participantes, reflexão crítica sobre ela e revisão referenciada em fundamentos também obtidos por eles através de iniciativas estimuladas e orientadas pelo instrutor;

 

· utilização da realidade externa como ambientes de aprendizagem;

 

· atenção e trabalho contínuo das atitudes, qualidades pessoais e habilidades como, por exemplo, organização pessoal e do ambiente, comunicação oral e escrita, leitura e interpretação de textos, operação de cálculos básicos, respeito mútuo e aos direitos humanos, integridade, compromisso, iniciativa na busca da qualidade, como componentes curriculares permanentes;

 

· utilização de ambiente e recursos instrumentais compatíveis com as exigências e padrões atuais de qualidade.

 

A vivência

A vivência complementa a estratégia metodológica do Portal de confrontar, continuamente, o participante com sua própria realidade e com a realidade de trabalho das áreas de Turismo, Hospitalidade e Entretenimento e deverá permitir a experiência da sua inserção, como trabalhador, no ambiente real de trabalho.

 

O sentido da vivência difere do imprimido às oficinas e ao projeto, onde existem objetivos específicos de aprendizagem definidos em cada situação. Na vivência, o objetivo é, simplesmente, colocar o aluno em contato direto com o dia-a-dia de trabalho, fazendo parte dele.

 

As aprendizagens são múltiplas, inclusive de descoberta das próprias necessidades de desenvolvimento, fato que poderá ser aproveitado para a construção do plano de desenvolvimento pessoal, por exemplo. O acompanhamento feito pelo coordenador deverá ajudá-lo a sistematizar sua aprendizagem e descobertas a partir da vivência.

 

No projeto atual, a redação do item metodologia também foi de José Antonio Küller.

 

Como se deu a criação/construção dos planos de aula? Descreva o processo e fale um pouco das principais inspirações que levaram ao seu desenvolvimento.

É preciso distinguir dois instrumentos: os Planos de Aula e as Referências para a Ação Docente.

Como informação histórica, que pode ser comprovada no projeto original (anexo/ texto de 2001), o Portal, depois PTRS, depois Trilha Jovem sempre foi pensado como um projeto para ser implementado em todo território nacional. Compunha a idéia original do projeto, a elaboração de manuais para os docentes que dessem uma referência mínima para o desenvolvimento do projeto (por isso, Referências para a Ação Docente) e assegurassem, na expansão nacional, a identidade da proposta.

 

No início, faltaram recursos para implementar a idéia. O que se conseguiu, isso já em 2003/2004 foram recursos para implementar as primeiras turmas em Salvador. Esses recursos não eram suficientes para a elaboração das ditas Referências. O PTRS foi implementado sem elas.

 

O projeto original já tinha sofrido mudanças em seu currículo, para adaptação às exigências do financiador. A falta das referências fez que, na operacionalização, fossem feitas outras alterações. O projeto, na prática, mudou muito, a ponto de não se reconhecer sua proposta original, mesmo no que tange à sua metodologia. Um exemplo: na operacionalização de 2004, os projetos não eram executados. Eles eram apenas teoricamente elaborados. Lendo a proposta metodológica original, você poderá constatar a perda.

 

Por isso, quando a expansão nacional começou a ser pensada e os recursos começaram a aparecer, fiz uma proposta à Rafael Sanches, que os docentes das turmas de 1985, elaborassem e arquivassem os Planos de Aula, como uma matéria prima para a elaboração  das futuras Referências. O Plano de Aula é um esqueleto das Referências, que constituem descrições mais completas e detalhadas de sugestões para o desenvolvimento do trabalho docente, aula a aula. 

Em 2006, a expansão nacional estava viabilizada. Parte dos Planos de Aula foram elaborados em 2005 (cerca de 60% das aulas tinham planos arquivados). Fui convidado para elaborar as Referências para a Ação Docente. Estabeleci uma condição para aceitar. Rever todo o projeto de forma a recuperar o que do projeto original tinha se perdido nas primeiras implementações. Para não desperdiçar todo o esforça, me comprometia a manter tudo o que, nas primeiras experimentações, tinha boa qualidade, mantinha a perspectiva pedagógica original e tivesse apresentado bons resultados.

 

Para as primeiras turmas da expansão nacional, em 2006, era impossível, por tempo escasso, elaborar as Referências para a Ação Docente. Por isso dividimos o trabalho em duas etapas. A primeira foi a revisão do currículo, a revisão dos Planos de Aula existentes e elaboração dos planos de aula faltantes (por não elaboração ou por mudança curricular). Cerca de 30% dos planos de aula de 2006 foi resultado de aproveitamento dos planos de 2005. Cerca de 70% dos planos de 2006 eram novos e não desenvolvidos nas implementações anteriores.

 

Os planos novos tiveram uma origem diversificada. Parte deles aproveitou um material que eu já tinha desenvolvido para ser uma versão alternativa do PET (Programa de Educação para o Trabalho – SENAC/SP) que acabou não sendo implementada. Parte aproveita a experiência de um Programa de Aprendizagem Rural que desenvolvi para o SENAR de São Paulo. Parte, cerca de 40% do material, é inédito e resultado de criação de Natalia F. Rodrigo, José Antonio Küller e Edna Küller, trabalhando para a Germinal Consultoria, contratada para o desenvolvimento das Referências

 

Observação: É interessante comparar o currículo de 2005 e com o de 2006.

 

Os Panos de Aula implementados nas primeiras turmas da expansão nacional, em 2006, deram origem, no mesmo ano, às Referências para a Ação Docente, que hoje são utilizadas.

 

Como você percebe o processo de expansão nacional (atuação em escala)?

Só temos acompanhado a expansão nacional pela internet. Não temos como opinar sobre ela.

 

Quais as dificuldades e facilidades de replicar o projeto em diferentes contextos?

 

Não temos como responder a essa pergunta.

 

Em que medida a o detalhamento do projeto em planos de aula facilita ou “engessa” a aplicação em outros contextos?]

 

As competências que deram origem ao projeto derivam de normas ocupacionais que tem validade nacional. Portanto, espera-se que o currículo tenha validade nacional.

 

As referências para a ação docente devem ser encaradas como tais. Ou seja, é uma sugestão de atividades que indicam uma escolha metodológica. Não tendo nada melhor a propor, o docente deve seguí-las. Tendo uma alternativa melhor, ele deve usá-la. O melhor, no entanto, está condicionado às competências a desenvolver e à opção metodológica do Projeto. Um professor que, por exemplo, valoriza a aula expositiva não deve ser contratado para o projeto.

 

Seria interessante uma revisão periódica das Referências de forma a incorporar as inovações que serão introduzidas pelos docentes durante as sucessivas replicações do Projeto.

 

Quais os impactos de um projeto que trabalha com essa metodologia, no setor turístico?

 

Os impactos desejados estão previstos no projeto que ajudamos a escrever (ver anexo).

 

Quais os principais indicadores de sucesso (ou não) de um projeto como esse?

 

Resposta idêntica à da questão anterior.

 

Defina em uma frase o seu sentimento em relação ao Trilha Jovem.

 

Gosto do Projeto. Torçemos pelo seu sucesso e pela manutenção de seus princípios pedagógicos.

 

 Observação final: Os anexos citados no texto estão à disposição dos interessados na Germinal Consultoria.

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