8 de agosto de 2008

Expressão em Múltiplas Linguagens

 

Esta é uma amostra do trabalho desenvolvido para o Projeto Trilha Jovem. O Projeto Trilha Jovem é uma inicitiva de capacitação para o turismo de jovens oriundos de famílias de baixa renda. A primeira versão do Projeto derivou de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia. Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações. Depois, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual. A Germinal também contribuiu nesse trabalho. Por fim, a partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou as Referências para a Ação Docente, que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto Trilha Jovem, que hoje já está implementado em 10 destinos turísticos do Brasil.

 

 

O texto a seguir é a referência para a ação docente no desenvolvimento de uma das Sessões de Aprendizagem da Oficina Expressão em Múltiplas Linguagens, do Eixo I, do programa Trilha Jovem. O excerto foi retirado das Referências para a Ação Docente, desenvolvidas pela Germinal e publicadas pelo Instituto de Hospitalidade. O texto não foi originalmente editado da forma como é apresentado aqui. Para mais informações sobre o Trilha Jovem, clique aqui.

 

 

 

EXPRESSÃO em Múltiplas Linguagens (LGG)

Aula 3/4

 

Competências

 

Situação de Aprendizagem

(atividade)

 

Recursos

 

Tempo

Interpretar corretamente a linguagem não-verbal.

Expressar-se conscientemente de forma não-verbal.

 

1. Aquecendo.

Diário de Bordo

30’

2. Linha do tempo.

 

 

30’

3. Compartilhando leituras.

 

25’

4. Fazendo uma interpretação da linguagem corporal.

 

15’

4. Dinâmica de encerramento.

 

10’

 

Objetivos

 1.  Dar continuidade ao desenvolvimento da capacidade de ouvir e da expressão oral.

      2.   Estimular a concentração, prontidão, agilidade, boa convivência grupal e abertura para comunicar-se e relacionar-se com o outro. 

     3.  Promover o exercício da comunicação não-verbal.

     4.  Orientar uma leitura atenta e adequada da linguagem não-verbal.

 

Descrições das Situações de Aprendizagem

 

1. Aquecendo

Informe que iniciará a aula com a leitura do Diário de Bordo. Proponha que ela seja realizada como um novo exercício de ouvir. Solicite que os jovens fechem os olhos, acalmem a respiração e espere até que o silêncio se imponha.  Solicite a leitura do relator responsável. Ao final da leitura, peça que os jovens abram os olhos e incentive uma breve sessão de comentários sobre a vivência, destacando os avanços na capacidade de ouvir.  Leia em voz alta, com entonação apropriada, os objetivos do dia, enquanto os jovens continuam exercitando o ouvir.

 

Preparando o corpo para a expressividade

Expressão Corporal, 1998 - Maria Belmira
Maria Belmira, Expressão Corporal, 1998.

Organize a sala para uma sessão de alongamento corporal. Oriente a execução de exercícios individuais de alongamento: braços, pernas, abdome, costas, ombros, pescoço. Depois, os jovens se deslocam pela sala a partir de diferentes estímulos: lento, rápido, correndo, pulando. Retorne aos exercícios de alongamento, agora em duplas, com os jovens apoiando-se no seu colega para ampliar os movimentos. Conclua com a criação e execução de um grande movimento coletivo, sem o uso da fala, ao som de uma música.

 

2. Linha do tempo

Em pé, os jovens continuam a se movimentar e a se expressar agora ao som da música Fazenda.  

 

Texto de Apoio: Fazenda

 

 

 

Água de beber

Bica no quintal

Sede de viver tudo

 

 

E o esquecer era tão normal

Que o tempo parava

E a meninada

Respirava o vento

Até vir a noite

E os velhos falavam

Coisas dessa vida

Eu era criança

Hoje é você

E no amanhã

Nós

 

 

Água de beber

Bica no quintal

Sede de viver tudo

 

E o esquecer era tão normal

Que o tempo parava

Tinha sabiá, tinha laranjeira

Tinha manga rosa

Tinha sol da manhã

E na despedida

Fios na varanda

Jipe na estrada

 E o coração lá.

ÂNGELO, N. Fazenda. In: O Talento de Milton Nascimento. Rio de Janeiro: EMI / ODEON, 1985.1 C32 D.

 

[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=lzt5aKkmS1E]

 

Caminhando no tempo

Wind from the Sea, 1948, Tempera on panel, Private collection, Andrew Wyeth - Realismo Contemporâneo
Andrew Wyeth, Wind from the Sea, 1948, Tempera on panel.

Mude para uma música instrumental suave e oriente os jovens a caminhar por uma imaginária linha do tempo onde existem três pontos demarcados: ponto 1 (infância), ponto 2 (juventude), ponto 3 (futuro). O deslocamento, sob sua direção, é feito sucessivamente de um ponto para outro ao som da música. Em cada um dos pontos demarcados os jovens são orientados a pararem e a representarem, apenas com movimentos físicos, uma percepção pessoal sobre o estágio da vida indicado.

 

 

 

 

Construindo cenas no tempo

Untitled Rayograph (Net and Shavings), 1924, Gelatin silver print, J. Paul Getty Museum, Los Angeles, Man Ray - fotografia Dadaista/Surrealista

Untitled Rayograph (Net and Shavings), 1924, Gelatin silver print, J. Paul Getty Museum, Los Angeles, Man Ray - fotografia Dadaísta/Surrealista

Oriente os jovens a escolher um movimento realizado por um companheiro, com o qual tenham se identificado. Na seqüência, cada jovem reproduz no mesmo ponto da linha, o movimento escolhido. Feito o movimento, cada jovem permanece próximo do ponto em que o executou.

 

A partir da atividade anterior, por proximidade física, os jovens são divididos em 3 grupos (infância, juventude, futuro) e são orientados a criarem uma cena coletiva que integre os movimentos de todos os componentes do pequeno grupo, naquele ponto (infância, juventude, futuro). Depois de criadas, cada pequeno grupo apresenta sua cena para os demais.

 

 

 3. Compartilhando leituras

De volta ao semicírculo, proponha um novo exercício de expressão verbal concisa e da capacidade de ouvir: uma troca de percepções sobre a atividade anterior, especialmente no que concerne à utilização e à leitura da linguagem não-verbal.

 

 

 4. Fazendo uma interpretação da linguagem corporal

Em um momento em que a discussão anterior tenha arrefecido, dê um comando abrupto (Por exemplo, você pode dizer em tom alto: parem e fiquem como estão! Congelem!), solicitando que os jovens interrompam a discussão e congelem todos os movimentos e fiquem parados como se fossem estátuas.

Após alguns segundos, peça para que cada jovem, um após o outro, saia do congelamento, caminhe até a frente da sala e faça uma breve leitura da expressão corporal dos companheiros que estão com os movimentos  congelados, retornando em seguida à imobilidade da postura na qual estava.

Depois de todos terem efetuado a sua leitura, solicite breves comentários dos participantes, um a um interpretando as posturas observadas na cena congelada. Conclua com uma rápida exposição sobre a leitura e interpretação da linguagem não-verbal.

 

 

5. Dinâmica de Encerramento

Amanhecer - oprivilegiodoscaminhos.blogspot.com

Amanhecer - oprivilegiodoscaminhos.blogspot.com

Entregue a cada participante um impresso com o poema Tecendo a manhã.

 

Texto de apoio: TECENDO A MANHÃ

 

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele;

e o lance a outro; de um outro galo o grito que

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão

 

MELO NETO, J.C. Tecendo a manhã. In: Cabral – antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979, p. 17.)

 

 

Solicite aos jovens que fiquem em pé e façam uma leitura silenciosa e individual do texto. Peça a um voluntário que leia em voz alta o poema. Enquanto a poesia é lida, os demais jovens devem improvisar uma representação não-verbal do que é dito. Repita a leitura por três vezes, estimulando, nos intervalos, que os jovens aprimorem a representação e a tornem, a cada vez, mais bela.

 

Instrumentos e Critérios de Avaliação

  1. Postura dos jovens em relação aos parceiros de atividade e ao grupo como um todo.
  2. Compreensão e participação dos jovens nas atividades propostas.
  3. Expressividade não-verbal demonstrada na construção da “linha do tempo”, nas cenas sobre a infância, a juventude e o futuro, e na representação do poema.
  4. Capacidade de interpretação da linguagem não-verbal demonstrada na atividade da “linha do tempo’” e de congelamento.
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