2 de fevereiro de 2011

Ensino médio e educação profissional

É comum que o debate pedagógico brasileiro aconteça mais em torno de modelos teóricos e de referências externas do que da observação do que acontece na prática das escolas nacionais. Faz parte desse jeito de ser a crítica à escola nova e à guinada tecnicista das escolas brasileiras nos anos 70, por exemplo. Pelo menos em relação ao ensino médio, tais modelos nunca foram efetivamente práticas comuns nas escolas brasileiras. A crítica, assim, movimenta-se em torno de postulados teóricos. Desde sempre, o comum da escola secundária brasileira foi centrada na transmissão expositiva de conteúdos curriculares descontextualizados e fragmentados em disciplinas estanques.

Talvez um equívoco de análise histórica esteja na base da atual sobrevalorização da integração da educação profissional ao ensino médio. Quase toda a leitura histórica da educação profissional brasileira parte da crítica da escola dual: ensino acadêmico e propedêutico para a elite e ensino profissionalizante para as massas. Portanto, é necessário integrá-los para termos uma escola unitária. Pelo menos em relação à escola secundária brasileira isso nunca foi verdade. Desde a origem do sistema educacional brasileiro, a real opção de ensino médio oferecida para as massas não foi a escola profissional. Foi a não-escola.

Mesmo hoje, não é a escola profissional o destino dos filhos da classe trabalhadora. Em medida grosseira, 50% dos jovens brasileiros frequentam o Ensino Médio em suas várias modalidades, incluindo a de educação de jovens e adultos. Até há pouco tempo, apenas cerca de 5% dos estudantes frequentavam alguma modalidade de ensino técnico de nível médio. Sabemos que muitos dos cursos técnicos, principalmente os “integrados”, são freqüentados por estudantes da classe média. Mesmo com a atual projetada expansão da educação profissional, essa realidade não vai mudar muito. A verdadeira escola secundária brasileira de massa é a escola de educação geral.

É essa escola que precisa ser transformada para atender a necessidade de preparação da juventude brasileira para a vida, o trabalho e a cidadania. Para tanto, não basta a simples adição de um currículo de educação profissional a essa escola.  Isso não será a solução. A grande maioria dos jovens brasileiros continuará a freqüentar uma escola de ensino médio que não atende a seus interesses e necessidades. Urge a transformação do ensino médio como um todo.

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