Em post anterior, em que comentamos a nova proposta curricular para o ensino médio, prevíamos um conjunto de dificuldades e reações. O texto do Portal UOL Educação, de 05/05/2009, que reproduzimos abaixo, parece ser a primeira reação da burocracia escolar.
Ela se atém a um dos pilares que sutenta a imobilidade do Ensino Médio, que identificamos em Ensino Médio, um problema insolúvel–: o sistema de formação de professores. Sobre esse tema publicaremos um artigo brevemente.
A foto que ilustra este post foi incluída por nós. Ela mostra uma bela sala de aula, ocupada por crianças pequenas e adequada à cultura local. Que espaços escolares seriam adequados às áreas temáticas do novo currículo do Ensino Médio e ajustado ao unverso cultural da nossa juventude?
Para ler mais sobre Arquitetura e Educação, acesse: http://germinai.wordpress.com/category/arquitetura-escolar/.
Da Agência Brasil
A principal dificuldade que os Estados vão enfrentar na reforma
curricular do ensino médio, proposta pelo MEC (Ministério da
Educação), será a falta de professores preparados para atender o
novo modelo, avalia a presidente do Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed), Maria Auxiliadora Seabra. “A
proposta é interessante em algumas medidas. O ensino médio passa
por uma crise de identidade, hoje, com um amontoado de
disciplinas”, afirma.
A presidente do Consed diz que, muitas vezes, o professor não
está ainda preparado nem para atender ao atual modelo. Ela
acredita que será necessário um grande esforço das universidades
para atender a formação dos profissionais de ensino em grandes
áreas do conhecimento.
“O professor formado em biologia às vezes não domina nem todo
aquele conteúdo, como poderá dar aulas de outras áreas?
Precisamos de um esforço conjunto porque as universidades ainda
resistem muito a esse modelo mais amplo de formação”, disse.
O Consed vai montar um grupo de trabalho para debater o projeto
apresentado pelo MEC. Um dos pontos que precisa de maior
discussão, segundo Auxiliadora, é o repasse de verbas do
ministérios para apoiar os projetos em cada estado.
A princípio, o ministério garantiu verba extra para as cem
escolas que tiveram as piores notas no Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio). “Essa questão precisa ser dimensionada. Para a
gente avaliar a eficácia desse novo modelo, ele teria que
funcionar tanto em boas escolas, como em escolas com problemas”,
afirmou.
O CNE (Conselho Nacional de Educação) vai realizar audiências
públicas para discutir o novo modelo de ensino médio. O processo
deve ser concluído até julho. Depois dessa etapa, o ministério
começará as negociações com os estados.
Amanda Cieglinski
2 Comentários
José Kuller, bom dia.
Foi com um prazer imenso que descobri seu blog há alguns dias. É exatamente o que vinha procurando.
Tenho um escritório de arquitetura em Itapetininga, interior de São Paulo e estamos, aos poucos nos especializando em projetos de escolas. De dois anos para cá, fizemos o projeto de onze escolas municipais em nossa região, além de um edifício para a Universidade Aberta do Brasil, e cinco IFSPs (antigos CEFETs) em todo o estado. Estamos prestes a iniciar o projeto de mais quatro escolas públicas.
Este é um trabalho que tem nos realizado bastante. Seria muito mais recompensador se a arquitetura refletisse alguma mudança nos padrões arcaicos de ensino que observamos.
Ao início de cada projeto, surge uma crise a respeito da “durabilidade” da arquitetura, crentes que somos numa mudança no sistema de ensino. A arquitetura deve atender ao uso do edifício, no seu tempo. Ao tentar inovar, esbarramos em métodos engessados do sistema educacional.
Temos uma equipe de arquitetos e engenheiros comprometida com o resultado de nosso trabalho. Todos ávidos por inovações. Acreditamos na “escola 2.0”, como algo inevitável e queremos nos tornar especialistas no design de edifícios que atendam a esse novo tipo de escola.
Cremos que não deve haver barreiras entre as séries, represando o conhecimento. Cremos que o desenvolvimento do senso crítico é a disciplina mais importante num mundo em que a informação flui em todas as direções e sentidos, atingindo a todos indistintamente. Acreditamos no ensino à distância, mas achamos que, assim como no mundo corporativo, os home-offices serão substituídos pelo trabalho colaborativo em ambientes propícios, de uso coletivo, porém diferentes das salas de aula ortogonais que ainda existem. Cremos que em pouco tempo, todas as aulas serão gravadas em videocasts, e os trabalhos de alunos publicados em blogs pessoais, comentados por outros alunos em fóruns virtuais. Observo que há muitos professores em sala de aula que desconhecem essa tecnologia, que não é nada mais que a rotina dos adolescentes. Queremos poder fazer algo para mudar esse cenário.
Não fazemos só escolas mas gostaríamos. Trabalho não nos falta, mas queremos mais. Queremos fazer o trabalho certo. Peço sua orientação para encontrar o caminho, e ponho nossa empresa à sua disposição para colaborarmos como pudermos. Amamos o que fazemos e queremos fazer cada vez melhor.
Álvaro de Lima Castro, boa noite
Obrigado pelas palavras elogiosas no início de seu comentário.
Fiquei feliz ao conhecer seu escritório e suas preocupações e propostas em relação à arquitetura escolar. É sempre uma satisfação encontrar parceiros de caminhada. Compartilhamos da maioria das visões e crenças sobre o futuro da escola, que você enunciou.
Não sei se seria capaz de uma orientação nesse campo. Mas, seguramente estamos interessados em discutir alguma forma de colaboração.
Penso que uma conversa por telefone seja um instrumento mais útil para uma primeira sondagem, nesse sentido. Vou te ligar amanhã.
Abraços
PS: Somos solidários no amor ao ofício e no desejo de fazer sempre melhor.