19 de dezembro de 2011

CRISE DE AUDIÊNCIA DO ENSINO MÉDIO OU FARSA IDEOLÓGICA? UMA RESPOSTA

No útimo post , fiz uma promessa: escrever as razões das minhas discordâncias com o artigo Crise de Audiência do Ensino Médio uma Farsa Ideológica?  de Westerley A. Santos, que publiquei. Cumpro a promessa neste post.

Discordo da afirmação básica do artigo que está posta  logo no início do texto. Westeley afirma:

Começou uma Campanha ideológica nacional para fins mercadológicos contra o Ensino Médio Público.  A idéia é destruir o formato atual em que ele está estruturado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação- (LDB/ 9.394/96), que o estrutura em bases humanísticas de formação do cidadão para colocar no lugar, um ensino de formação técnica de mão de obra jovem e barata para o empresariado. Usando a rede escolar do Estado e jogando a fatura deste investimento nas costas da sociedade.

A estratégia é a de sempre, alegar uma CRISE no Ensino Médio Público e apontar os Professores como principais culpados pela suposta “crise”.     

Em primeiro lugar, discordo que o ensino médio atual está estruturado em bases humanísticas. A realidade do ensino médio atual, independentemente do que preconiza a lei, é  a do enciclopedismo, a da fragmentação curricular em disciplinas estanques, a de uma memorização de conteúdos destituidos de sentido, cuja única finalidade é a de servir para a preparação para os vestibulares que dão acesso ao ensino superior.

Em segundo lugar, a crise não é apenas alegada, como afirma Westeley, ela é real. Para lembrar, apresento alguns dados que não foram retirados de nenhum manual de manipulação das massas pelas mídias. São dados que emergem da situação atual da educação brasileira e do Ensino Médio, em especial:

• Quase metade dos desempregados brasileiros tem menos de 25 anos.
• 53,1% dos jovens se encontra fora das salas de aula.
• Mais de quatro milhões de jovens não estudam, não trabalham e não procuram trabalho.
• Muitos não estudam por puro desinteresse.
• Apenas 40% dos jovens de baixa renda estudam. Deles, 75% em série não correspondente à faixa etária.
• Apenas 13,6% dos jovens de 18 a 24 anos frequentam a universidade.
• Apenas 10% dos que concluem o ensino médio aprendem o que deveriam aprender.
• 68  milhões de jovens e adultos trabalhadores brasileiros com 15 anos e mais não concluíram o ensino fundamental.
Em apenas uma coisa concordo com Westeley: os professores não são os principais culpados dessa crise. Também um certo tipo de pensamento pedagógico brasileiro não é único, nem o principal culpado. Esse pensamento é conservador,  mas se veste de esquerda. Desqualifica qualquer proposta de mudança chamando-a de neoliberal ou de a serviço do capitalismo internacional. Enquanto isso, o ensino médio, na realidade da sala de aula, nunca e em nada muda. Continua com a mesma proposta pedagógica e o mesmo conteúdo educativo de quando quase inultilmente o cursei, há mais de quarenta anos atrás.

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2 Comentários

  1. CRISE DE AUDIÊNCIA NO ENSINO MÉDIO OU FARSA IDEOLÓGICA? (2ª PARTE)

    Os Erros Das Proposições e a Invalidade Do Paradigma Da Pesquisa.

    Para lembrar o leitor, em 19/11 publiquei texto homônimo¹ em que fazia uma análise inicial geral de uma pesquisa intitulada “A crise de audiência no Ensino Médio” realizada pelo IBOP , a pedido do INSTITUTO UNIBANCO. A análise demonstra que se trata de uma campanha de orientação neoliberal, contra a Educação Nacional, principalmente a de nível Médio, cujos princípios são norteados para a formação da cidadania.

    No primeiro texto, anunciei que iria demonstrar a verdadeira intenção desta campanha ideológica/neoliberal contra a Educação e que publicaria em breve uma análise crítica completa da pesquisa apresentada no Seminário de São Paulo (17/11), expondo os absurdos e equívocos anunciados: a manipulação que há por trás da ideia de “crise no Ensino Médio”, a invalidade da pesquisa a partir dos erros conceituais de um suposto paradigma; os equívocos das proposições e das premissas usadas, os conceitos inadequados para “tempos e espaços escolares” e a culpabilidade imputada aos professores pela suposta crise.

    Por se tratar de uma longa pesquisa com diversos dados e nuances e, por entender que não poderia deixar de analisar as implicações a que nos leva cada um destes aspectos, resolvi publicar minhas notas em partes, usando o mesmo título e, no subtítulo, o tema a ser analisado. Feitas estas observações ao leitor, continuo o exame a que me proponho: Parte- 2.

    A INVALIDADE DO PARADIGMA DA PESQUISA

    A pesquisa apresentada no seminário em SP foi estrutura em três blocos: 1º) Paradigma e metodologia 2º) dados dos alunos (oportunidade de aprender) e 3º) dados do professor (oportunidade de Ensinar), com um anexo sobre a situação do E.M. noturno. Tratarei aqui do primeiro bloco, ainda que abordando aspectos dos demais itens como apoio à análise principal.

    Segundo os signatários, a metodologia utilizada foi a mesma realizada para apurar audiências de TV. Foi realizada em 2010, em 36 turmas do E.M. de 18 Escolas Públicas, em três grandes Centros Urbanos (possivelmente SP, MG e RS), com alunos da faixa etária entre 17 e 18 anos.

    Os pesquisadores monitoraram e cronometraram aulas em salas dessas escolas, como observadores, e anotaram em formulário os seguintes dados: 1) tempo efetivo de aula, (foi considerado tempo efetivo de aula, o espaço de tempo inicial em que o professor se dirigia à turma abordando o conteúdo, e esta posicionada em atenção à fala do professor. O tempo final foi considerado quando a abordagem oficial sobre o conteúdo terminava), 2) tipo de aula, (foram considerados três tipos: aula expositiva, atividades em sala ou externas com o professor titular da turma) e 3) Faltas de Professores e/ou alunos, (se houve ou não aula no dia e a quantidade de tempo sem aula).

    A partir daí definiram dois vetores, denominados: 1)“Oportunidade de aprender” (o aluno presente em sala) e 2)“oportunidade de Ensinar” (o professor presente em sala dando aula) o que gerou uma resultante, denominada “Audiência” que é o paradigma da pesquisa, o elemento chave, utilizado para desenvolver toda a metodologia. Tudo para determinar o tempo real do que se considerou aula.

    Assim, Audiência foi o modelo para definir o espaço tempo de aula e a partir desta definição apurar o tempo desta Aula para concluir a quantidade de ensino o aluno está tendo, as perdas de Horas/aulas e os motivos. Portanto a Audiência é o que caracteriza a aula e este é o conceito paradigmático nuclear para as inferências feitas na pesquisa.

    Ora, já na escolha dessa resultante (Audiência) como elemento paradigmático metodológico da pesquisa, podemos observar um erro de concepção do que seja aula. Isso compromete de pronto a pesquisa e suas inferências.

    O conceito-chave da pesquisa definitivamente não se aplica à realidade escolar. É incompatível ao conceito e significado mesmo do que seja Aula. Isto invalida a metodologia adotada para aferir o “tempo de aula”. – O que será abordado em outro momento. Com isso, o conceito chave que norteia e dá sustentação à ideia central da pesquisa está extemporâneo, está deslocado, fora de contexto. E por isso é inválido como paradigma ou modelo. Senão vejamos. Etmologicamente² o termo “Audiência” significa:

    1) Atenção que se presta a quem fala. 2) Recepção dada por qualquer autoridade a pessoas que lhe desejam falar. 3) Número de pessoas que assistem a determinado programa de rádio ou de televisão. 4) Dir. Sessão do tribunal, em que o juiz interroga as partes, ouve os advogados e pronuncia o julgamento. A. contraditória, Dir: aquela em que são ouvidas as partes que litigam.

    Veremos que em qualquer dos sentidos etimológicos acima, o conceito de Audiência utilizado não retrata o que seja uma aula. A pesquisa errou em seu objeto real de investigação e acabou por produzir outro objeto, distinto de aula, composto de dois vetores e uma variante exótica – a realidade escolar.

    O paradigma utilizado é aplicado ao universo conhecido dos realizadores da pesquisa (IBOP). Um instituto de pesquisa televisiva, com seu método de apuração de audiência de TV, domiciliar ou individual. Neste universo, o sentido de Audiência é entendido, em seu uso mais popular, como (o conjunto de pessoas que estão assistindo a determinado programa de TV). Porém, se aplicarmos este modelo na Educação, como foi feito, e o analisarmos à luz dos sentidos etimológicos (acima), que parece ter sido o sentido aplicado, perceberemos uma fraca e ultrapassada leitura e interpretação do que seja uma aula. Isso por que, “Audiência” alude a uma relação entre ouvintes passivos, aqueles que assistem a um espetáculo ou a alguém, neste caso, os alunos, e pressupõe um orador, aquele que fala ao um público, aqui, neste sentido, o professor.

    Sendo assim, ao usar o paradigma da “Audiência” está se concebendo, por analogia, a atividade Aula como algo estático e formal. O que não condiz com a realidade. Em outros termos; comparar aula e presença dos alunos em sala, com audiência (aqueles que assistem), significa conceber aula como uma ação estática, fria e distante, colocando aqueles como telespectadores diante de uma tela eletrônica. E o professor como uma espécie de animador de auditório, distante afetivamente do seu interlocutor.

    Uma das revistas de divulgação da pesquisa apresenta na capa uma ilustração emblemática sobre o que estou dizendo: há em segundo plano o desenho de uma escola e, no primeiro, uma mão apertando botões de um controle remoto de TV direcionado à escola.

    Ora! Presença, sala de aula, relação de ensino/aprendizagem, professor/aluno, não equivalem nem a uma coisa nem a outra. Pelo contrário, sala de aula ou mesmo a escola se equiparam a uma ágora grega, onde a aula acontece como uma atividade efervescente. É o locus onde se dá a socialização, o encontro de pessoas que se relacionam em torno de uma das mais essenciais necessidades humanas: a troca de saberes, o debate de ideias, em que as várias Ciências se colocam como objetos vivos do saber, pelos quais se revisitam valores, expectativas de vida, história, memória, conhecimentos, aprendizagens, concepções políticas.

    Aula é um tempo e espaço diário, onde comumente se forjam mais claramente os desejos e planos, onde a angústia pelo conhecer vai ao encontro do prazer com a realidade experimentada, experiência que diz respeito aos seus sujeitos, numa relação direta, presencial, intersubjetiva, calorosa.

    Em síntese, está posta intrinsecamente neste espaço de convivência e socialização (escola ou sala de aula), uma interação afetiva e interativa, motivada pela busca do conhecimento. Ainda mais em se tratando de jovens no auge de suas expectativas de vida, ávidos pelo desvelamento do mundo do saber, do viver e do ser, na prática mesma das relações humanas com o outro. Isso não se iguala a uma postura inerte de telespectador diante de uma TV. Audiência é uma concepção que se liga a telespectador ou radiouvintes e refere-se, ao contrário de aula, a um postar-se passivo diante de uma tela de imagens e sons, o que não se vê na atividade “Aula”.

    O telespectador assiste; o aluno interage, o telespectador é passivo; o aluno é ativo, o telespectador se põe diante da TV numa posição unilateral e distante: não está inserido naquilo. Aula é uma relação de alteridade, entre o eu e o outro, que se apresenta diante de mim, rico em significações e pluralidade de sentidos e emoções reais. Na aula o aluno é o outro polo que busca uma nova determinação em termos de uma ascensão crítica, dentro de uma cultura elaborada, de forma a elaborar novos conhecimentos, adquirir novas habilidades e modos de agir.

    Na lógica da Audiência, o sujeito é aquele que recebe informações indiretas. Na lógica da aula, os sujeitos são: o professor e o aluno que participam dialeticamente da construção do conhecimento. O telespectador não dialoga, está diante de estímulos imagéticos, de sensibilizações e apelos eróticos e comerciais. Já o aluno dialoga e troca expectativas de vida, está diante de estímulos cognitivos, epistemológicos, racionais e psicológicos, orientados pedagogicamente. O telespectador não questiona com o outro, pois não há o outro. O aluno questiona e desenvolve raciocínios dialógicos na interação com o conhecimento e com aquilo que recebe e doa aos professores, colegas e meio ambiente socioescolar.

    Na aula, o aluno assimila, analisa, constrói inferências, troca interpretações, dúvidas e inquietações internas com os colegas, e devolve ao professor numa espiral do conhecimento: percepção, problematização, significação, absorção, análise e crítica, até forjar o conhecimento. O que torna a aula uma construção cognitiva, dialética, qualitativa, valorativa e crítica sem equivalente. Isto é totalmente e essencialmente distinto de estar diante de uma TV.

    A relação professor/aula/aluno é idiossincrática. Aluno e professores manifestam suas idiossincrasias, se interrelacionam de modo dinâmico, físico, mental e emocionalmente com os colegas. O professor conhece o aluno de perto, convive e participa de suas angústias e alegrias, tem com ele uma relação humana específica, conhece aspectos de sua história, às vezes até de sua origem e família. É uma relação existencial, qualitativa.

    Enquanto a Audiência diz de uma concepção simplesmente numérica, quantitativa, “bancária”, número de pessoas que assistem a um programa de TV ou ouvem rádio. Esta concepção aplicada à Educação é o mesmo que perceber o aluno não como indivíduo ou sujeito, mas, como um algarismo. Aula não é assistir incólume ao professor, e este, como a um palestrante que profere uma fala ensaiada e hermética, a semelhança de um apresentador de programa de auditório, lendo um telepront (TP) animando a platéia.

    Paulo freire ( 1921-1997) em 1967, já combatia esta mesma concepção de aula que está presente no conceito de “Audiência”, fazendo uma profunda crítica a esta concepção chamada por ele de “educação bancária”³. Em uma rápida passagem em um de seus livros ele diz:

    “ Educação bancária é quando o educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita. Mas o curioso é que o arquivado é o próprio homem, que perde assim seu poder de criar, se faz menos homem, é uma peça. O destino do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação. A consciência bancária -pensa que quanto mais se dá mais de sabe-. Mas a experiência revela que com este mesmo sistema sé se formam indivíduos medíocres, porque não há estímulo para a criação”. (PAULO, Freire. Educação e Mudança. RJ. Paz e Terra, 1983.p. 38).

    Desculpe-me o leitor se serei repetitivo, mas é preciso frisar bem! Aula e presença não se equivalem a Audiência. O que significa dizer que o sentido implícito no conceito usado como paradigma da pesquisa está errado. Não se aplica à Educação, está preso apenas ao formato de platéia, sugerido por uma educação bancária. Talvez a disposição física tradicional de uma sala de aula, no formato de auditório, com carteiras perfiladas, quando vista a distância, de fora, possa provocar enganos, mas, quando vista de perto e por dentro, imediatamente se percebe que ali há uma relação viva, quente, pulsante.

    Este contínuo diário de uma relação psicológica, simbiótica, dialógica, atemporal que se constrói entre aluno/professor, aluno/aluno em torno do conhecimento das diversas ciências, no espaço sociopedagógico da escola é que se denomina Ensino/aprendizagem.

    Esta dedicação dos entes envolvidos no processo de ensino/aprendizagem pela investigação permanente e cotidiana, numa busca e descoberta emocionante do mundo, mediada pelo saber e pela didática, com o intuito de se realizar e estabelecer um dos mais valiosos princípios da natureza humana: a socialização dos homens na transmissão de valores fundamentais à vida; é o que consiste a aula. E nesta base relacional é que o ensino e o aprendizado acontecem, no mesmo momento em que as relações com os outros se dão num exercício moral, ético e antropológico evolutivo, dia a dia.

    Daí, o erro do paradigma da pesquisa, gerado pela concepção equivocada do que seja Aula. Entenderam aula como uma relação simples, distante, entre orador e ouvinte, e a comparam equivocadamente à Audiência de TV.

    Deste modo, só posso deduzir que, necessariamente, o paradigma da pesquisa não faz paralelo ao objeto pesquisado. Chega a ser até antagônico ao objeto real que se pretendeu pesquisar. E, se o objeto real da pesquisa não foi alcançado e decidiu-se por substituí-lo por outro, criando-se a sua dessemelhança, se, houve essa metonímia, se o paradigma acabou por tomar a forma pelo conteúdo, ou seja, Audiência por aula, então, toda inferência advinda desse raciocínio, está equivocada.

    Isso torna a proposição de que há uma “crise de audiência no Ensino Médio” falsa, simplesmente por que não há que se falar em audiência no Ensino Médio. Por tanto, não pode haver crise de audiência onde não há audiência. Não pode haver predicado onde não ha sujeito. – E não é só pela invalidade do paradigma que não há crise no Ensino Médio,- demonstrarei isso mais nas próximas notas.

    Por fim, permitam-me insistir mais uma vez, o conceito chave, a resultante, o paradigma usado na pesquisa é inválido. Não serve sequer como analogia. E, se a proposição ou premissas não são válidas, logo toda dedução advinda delas também é falsa. Assim, entendo ter demonstrado o erro no paradigma e de algumas proposições da pesquisa, conforme prometido.

    Por: Westerley Santos – Prof./Filósofo.
    Dezembro/2011

    Na parte-3, analisarei os Blocos 2 e 3 da pesquisa. Demonstrarei os erros sobre “tempo de aprendizagem” e
    das premissas ou vetores denominados: Oportunidade de aprender e Oportunidade de Ensinar. Aguardem!
    __________________________________________________
    1)”Crise de Audiência no Ensino Médio ou farsa ideológica?” ver: http://www.westerleysantosfilosofia.blogspot.com/ e WWW. http://germinai.wordpress.com/
    2) Dicionário: Michaelis.
    3 ) FREIRE, Paulo. Educação e Mudança; tradução de Moacyr Gadotti e Lilian Lopes Marin.-RJ: Paz e Terra, 1983. 11ªed.

  2. Meus Caros,
    Como bem sabem dados estatísticos são frios e carecem de contexto e localização histórica. Invariavelmente sofrem interferência de interpretações e interesses diversos. Mais ou menos o que ocorreu com a pesquisa que estou analisando. Mesmo assim, o debate é importante e após cumprir minha promessa de demonstrar os erros da pesquisa quero que me permitam discordar de algumas afirmações da resposta e apontar algumas contradições.

    Continuo contando com a colaboração para cumprir minha promessa divulgando a 2ª parte da análise da pesquisa. Enviarei ainda esta semana.
    Grato!

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