28 de março de 2011

Exemplos apontam caminhos para reverter fracasso no ensino médio

Último artigo da série especial do iG Educação mostra algumas alternativas  promissoras para melhorar a qualidade do Ensino Médio no país. Abaixo replicamos a parte da matéria, cuja íntegra está disponível no Portal iG Educação.

Ensino profissionalizante, aulas atraentes, uso de tecnologias e formação de professores mostram resultado

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo25/02/2011 07:00

Escolas que abrem portas para o mercado de trabalho, aulas ao ar livre, visitas a parques e museus, novas tecnologias à disposição dos alunos e investimento na formação de professores. Para a grande maioria dos jovens brasileiros, iniciativas como essas parecem utopia, mas todas já existem em plena rede pública e dão resultados que apontam caminhos para reverter o fracasso do ensino médio retratado pela série especial do iG Educação.

 

Foto: Arquivo Pessoal

Alunos de escola estadual de São José (SC) em visita a praia de pescadores em Florianópolis

Uma das ações mais apoiadas por especialistas na área é o crescimento da oferta de vagas em cursos profissionalizantes. Além da conexão com o ambicionado mercado de trabalho que aumenta o interesse dos jovens pelo estudo, os exemplos mostram que as escolas com ensino médio integrado a cursos técnicos conseguem melhores resultados no aprendizado das disciplinas básicas.

Os alunos dos Institutos Federais, que oferecem essa integração, obtiveram nota média igual a dos países mais desenvolvidos do mundo no Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), que testa capacidades em leitura, matemática e ciências. As Escolas Técnicas Estaduais, em São Paulo, também estão entre as primeiras colocadas no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

No Brasil todo, no entanto, há apenas 860 mil vagas para cursos assim, incluindo a rede particular: uma para cada 10 jovens que estão no ensino médio. “Nos países mais ricos, a oferta de profissionalizantes é de 20% a 30% do total da etapa. No Brasil, estamos em 10%”, lamenta Wanda Engel, superitendente do Instituto Unibanco.

O governo federal anunciou um programa que deverá ampliar este porcentual dando a alunos de escolas públicas bolsas para cursos no Sistema S, que gerencia Sesi, Sesc, Senai e Senac. A previsão é de que no primeiro ano sejam ofertadas 1,6 milhão de vagas. “Vamos ver como vai funcionar, o ideal seria que essa formação fosse dentro da escola para ajudar a tornar aquele ambiente interessante”, diz a doutoranda em Educação e presidente do Centro de Estudos e Memória da Juventude, Fabiana Costa.

Ensino Médio Inovador

A aposta do Ministério da Educação (MEC) para melhorar a escola tradicional é o projeto piloto Ensino Médio Inovador, que começou a ser implantado no final de 2009 em 357 escolas – 2% das 17 mil unidades desta etapa – em 18 Estados. O governo federal envia uma verba diretamente para a instituição que formular um projeto em que os estudantes tenham 20% mais tempo de estudo com atividades culturais e recuperação de conteúdos em que demonstrem dificuldades.

O responsável pelo projeto, Carlos Artexes, foi diretor de Concepções e Orientações Curriculares para Educação Básica do MEC até janeiro deste ano, quando decidiu voltar a dar aulas em uma instituição de ensino superior no Rio de Janeiro. “Percebemos que era importante fortalecer a cultura das escolas e aumentar o tempo que o aluno passa dentro dela. Vamos ver os resultados em 2012, quando os alunos que estavam no 1º ano em 2010 se formarem”, conta.

Na escola estadual Laércio Caldeira de Andrada, em São José, Santa Catarina, os benefícios já são comemorados. No ano passado, os alunos participantes foram conhecer museus em Porto Alegre, projetos ambientais em Curitiba e áreas históricas em Florianópolis, como a vila de pescadores Pântano do Sul. Dentro da escola, tiveram aulas com a participação conjunta de professores de diferentes disciplinas e novos materiais adquiridos com a verba, como máquina fotográfica, filmadora e laptop.

“Das quatro turmas que temos, duas participaram e a diferença de resultados em evasão e aprendizado foi grande”, diz a assistente técnica pedagógica Rosilane Rachadel Martins, que coordena o projeto na unidade. Ela aponta problemas, como a falta de espaço físico para montar salas e de um profissional pago para tratar apenas do projeto, mas defende que o programa seja estendido para todo o País. “Agora os alunos têm mais expectativas da escola”, resume.

Artexes acredita que o caminho da mudança é esse, ainda que dependa da adesão dos Estados e da criatividade das equipes pedagógicas de cada escola. “O Brasil é uma federação, e os Estados têm autonomia para conduzir o ensino médio, que é responsabilidade deles. Mudanças radicais, como as da China, acontecem em culturas autoritárias. Nós não queremos isso”.

 

Foto: Fabio Guinalz/Fotoarena

Liliane Oliveira estagia no laboratório de informática da escola: aprende e ensina

Secretários conhecerão novas diretrizes em março

A mesma linha segue o Conselho Nacional de Educação, que discute desde agosto do ano passado novas diretrizes para o ensino médio. O relator da comissão, José Fernandes de Lima, diz que as ideias estão prontas, mas como muitos responsáveis pelas secretarias estaduais foram trocados com os novos governos empossados este ano, haverá uma nova conversa, já agendada para 30 e 31 de março.

(continua no iG Educação)

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1 comentário

  1. …O governo federal apresentou nesta quarta-feira o Plano Nacional da Educao PNE que define objetivos para todos os nveis de ensino brasileiro. Colocar todos em creches no tarefa fcil o custo por criana aos cofres pblicos de 6.000 reais ao ano duas vezes mais do que o gasto com um aluno de pr-escola e quase trs vezes a cifra necessria para manter um estudante do ensino mdio pblico……Outro objetivo previsto no PNE 2011-2020 universalizar o acesso pr-escola considerado factvel j que atualmente 74 8 dos alunos de 4 e 5 anos frequentam a escola. Para acelerar essa taxa que se encontra ao redor dos 60 o MEC recomenda que nenhuma criana seja reprovada at a terceira srie do ensino fundamental.

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