Em posts anteriores iniciamos a discusão de uma abordagem educativa inovadora que denominamos Aprendizagem Criativa. Dessa abordagem, já discutimos de forma geral a Metodologia e, dela, sua primeira fase: a Focalização . Similarmente ao método Junguiano, a segunda fase da Aprendizagem Criativa consiste em uma amplificação dos símbolos que foram utilizados ou emergiram dessa primeira fase anterior.
Durante a segunda fase, a amplificação objetiva pode ser, circunstancialmente, utilizada. Na amplificação objetiva, a análise é efetuada pela busca das inter-relações do símbolo em questão com a tradição simbólica da humanidade. A partir daí, em nosso caso, busca-se identificar o significado do símbolo naquele determinado processo de desenvolvimento individual, grupal ou organizacional.
A amplificação subjetiva tem a desvantagem de exigir um amplo conhecimento da tradição simbólica da humanidade e da interpretação de símbolos. Um dicionário de símbolos minimiza a dificuldade, mas não a elimina.
A ampliação subjetiva é mais facilmente manejável pelo mentor, coach, educador, aprendiz ou grupo. A amplificação subjetiva consiste em procurar um sentido e um significado do símbolo válido para aquele indivíduo ou para aquele grupo particular. Não é uma ampliação do significado suportado pela tradição simbólica, mas pelo sentido que o sujeito da interpretação atribui ou relaciona, subjetivamente, ao símbolo.
A amplificação subjetiva é feita a partir de um conjunto de atividades, em geral derivadas das artes, em torno da expressão simbólica original. Em princípio, toda a forma artística pode ser utilizada para a ampliação subjetiva.
Nas amostras de trabalho deste site, especialmente nas sessões de aprendizagem do Programa de Desenvolvimento de Chefias e Supervisores, esse uso pode ser constatado. Pintar, compor e tocar músicas, cantar, dançar, esculpir, elaborar poemas ou colagens e, encerrando por excesso e não por esgotamento, efetuar uma representação teatral do símbolo, são formas que facilitam a ampliação subjetiva.
A experiência tem mostrado que o teatro ou uma utilização específica do psicodrama é mais produtiva nessa fase. A amostra de sessão de aprendizagem Estação de Trabalho de Organização e Adminisração, do Programa de Educação para o Trabalho, é exemplar nesse uso.
O teatro tem a dupla possibilidade de articular as diferentes artes e de poder ser operado de forma pobre (Grotowiski, Jerzy, Em Busca de um Teatro Pobre, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1992), exigindo apenas atores e espectadores, o que facilita a economia de recursos.
Também existe uma propensão generalizada à representação teatral, talvez devido à vivência de múltiplos episódios de desempenho de papel (Katz & Khan -1987) no cotidiano da vida e do trabalho.Essa propensão facilita a utilização de “dramaturgias simultâneas” (Boal) na ampliação subjetiva dos símbolos.
A utilização de algumas técnicas oriundas do psicodrama são facilitadas pelos mesmos motivos, adicionados ao fato de que a etapa anterior (focalização) já pode ter produzido o efeito de aquecimento para a representação. De qualquer modo, a seqüência psicodramática de condução de uma sessão (aquecer, representar, compartilhar…(Moreno, J.L., Psicodrama, Editora Cultrix, São Paulo, 1975) pode ser utilizada na ampliação subjetiva, com a ajuda do teatro ou do psicodrama. Técnicas oriundas das duas vertentes como o sociodrama, a dramatização, a improvisação teatral (Spolin) e a sociometria temática também podem ser úteis nessa fase.
O importante é que a técnica, o meio utilizado permita explorar e ramificar a multiplicidade de significados suscitados pelo símbolo gerado ou apresentado na fase de focalização e simbolização. Permita gerar um universo simbólico referente ao tema em estudo. O momento é similar à fase de de geração de idéias na técnica do brainstorming, mas muito mais rico e profundo por possibilitar a emersão de conteúdos inconscientes. No brainstorming são geradas idéias muits vezes triviais, banais e pouco criaitivas. Aqui são geradas ressonâncias simbólicas. É a fase propriamente criativa da Aprendizagem Criativa.
O texto anterior parte de um já publicado em Küller, José Antonio. Ritos de Passagem -Gerenciando Pessoas para a Qualidade. São Paulo, Editora SENAC, 1996.
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